Editorial
União entre inovação e inspiração
Parece mentira, mas ainda hoje, em 2023, há quem seja surpreendido quando trabalhos de pesquisa inovadores surgem a partir de trabalhos realizados por mulheres. Para além de certo grau de preconceito (ou pré-conceito) que possa existir, é possível projetar que talvez na maioria dos casos essa não seja a razão para estes fatos chamarem atenção. Mas sim uma histórica falta de oportunidades e incentivos à presença feminina na área da ciência. Haverá quem diga que há séculos existem nomes de mulheres importantes, fundamentais para o avanço tecnológico e de conhecimento da humanidade. Contudo, mesmo estas, têm seus nomes pouco difundidos, sendo desconhecidos do grande público.
Enquanto um menino cresce ouvindo e lendo sobre personagens destacados da ciência, figuras que lhe servem de referência caso demonstre interesse por um futuro como pesquisador, para as meninas o cenário é exatamente o oposto. Seja nas cadeiras escolares, nos livros, na TV ou mesmo na imprensa, raras são as presenças femininas exaltadas como personalidades inspiradoras. E, como dito, elas existem e são muitas.
A reportagem publicada na edição de ontem do Diário Popular, sobre a professora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Odontologia (PPGO) da UFPel, Giana Lima, é exemplo dessa onipresença das mulheres na construção de inovações. Não fosse pelo fato de ser reconhecida com premiação direcionada a pesquisadoras latino-americanas destacadas, prêmio este organizado por uma gigante global que atua nos mais diferentes ramos de mercado, provavelmente o trabalho de Giana no desenvolvimento de materiais odontológicos para tornar procedimentos mais seguros com relação a infecções permaneceria anônimo. Ou quase isso, restrito a pequeno círculo de conhecimento especializado.
Ainda que para a população em geral os pormenores do trabalho da professora e cientista sejam bastante complexos, a divulgação de que há pesquisas de ponta, feitas também e essencialmente por mulheres, dentro de uma universidade pública, com impacto real e positivo no cotidiano, é uma forma de estimular quem acredita na ciência e no conhecimento. Especialmente meninas.
A pesquisa universitária é crucial para o progresso da sociedade. E uma sociedade só pode ser considerada verdadeiramente justa e desenvolvida quando mulheres e tantas outras representações sociais, muitas vezes chamadas equivocadamente de minorias, estão presentes em todas as áreas. E são reconhecidas e valorizadas por isso. A ciência e todos - e todas - saímos ganhando.
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